segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jornada 1 » Rio Ave 1 - Benfica 1

Armadilha no jardim de Flores

RUI GOMES

Os jogadores executaram na perfeição aquilo que João Eusébio tinha desenhado no quadro do balneário. O treinador do Rio Ave colocou a sua equipa num 4x1x4x1 que baralhou por completo o Benfica, fechando-lhe as linhas de passe no meio-campo, complicando os avanços dos laterais e anulando por completo Aimar o que, por consequência, fez com que Cardozo fosse presa fácil para os centrais contrários.

A estratégia montada por João Eusébio pode denominar-se perfeitamente como a arte de bem encaixar. À frente do quarteto defensivo, que chegava e sobrava para um perdido e inconsequente Cardozo, o treinador vila-condense colocou um "disponível" e concentrado André Vilas Boas para evitar toda e qualquer acção do municiador Aimar. Mas esta foi a parte final de um plano que começava um pouco mais à frente. Quatro médios que preenchiam toda a largura do terreno - Carlos Martins tinha direito à sombra de Evandro e Urreta não tinha espaço para desenvolver as suas arrancadas -, evitavam não só a referida acção do extremo e do médio, como obrigavam Yebda a ter que despachar rápido a bola do seu raio de acção. Se estas eram as principais consequências do 4x1x4x1, outras não podem ser esquecidas. Maxi Pereira e Léo não dispunham de espaço para as suas arrancadas de trás para a frente. Por último, Rúben Amorim transformou-se numa espécie de peça solta, sem rumo, perdido na confusão do futebol encarnado.

Simultaneamente, porque o objectivo não era apenas emperrar e ficar na expectativa, Semedo tinha a complicada tarefa de abrir espaços para as acções ofensivas da sua equipa, mas também evitar que os centrais benfiquistas, especialmente Katsouranis, pudessem sair com a bola controlada e criar qualquer tipo de vantagem no sector intermédio.

Desde o primeiro momento se viu que a máquina de Quique Flores ficava quase à mercê do motor Carlos Martins. Mas também isso jogou a favor do técnico da formação vilacondense. O motor encarnado foi "atropelado" pelo seu companheiro Yebda, aos 14', ficou muito debilitado e aos 28' abandonou o terreno.

O Benfica não tinha espaço, não tinha linhas de passe, não conseguia o apoio dos centrais e sofria para conseguir desenvencilhar-se da teia. Ou melhor, não se limitava a sofrer, uma vez que nem tempo tinha para isso. Quique Flores leu bem o problema. Colocou em campo Nuno Gomes, passou Aimar para a esquerda e obrigou a equipa da casa a estender-se e, como tal, a abrir espaços. Mas tudo se podia ter complicado novamente quando Semedo colocou o Rio Ave na posição de vencedor. Valeu-lhe que o empate surgiu um minuto depois, situação que causou alguma mossa na equipa vila-condense e permitiu, finalmente, que o Benfica começasse a respirar melhor. Só que já era tarde.

Rio Ave 1-1 Benfica


Estádio do Rio Ave FC

relvado bom

10.000 espectadores

Árbitro Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

Assistentes Celso Pereira e Paulo Soares

4º árbitro Nuno Roque


Rio Ave

Treinador João Eusébio

51 Paiva GR 5

7 Miguel Lopes LD 5

2 Gaspar DC 6

20 Bruno Mendes DC 5

25 Sílvio LE 4

14 André Vilas Boas MD 6

6 Delson MO 6

83 Tarantini MO a 82' 6

4 Evandro MO 6

8 Livramento MO a 90'+2 6

18 Semedo AV a 72' 7

-

74 Mora GR

78 Jorge Humberto DC

5 Niquinha MD d 82' 3

27 Wires MD

19 André Carvalhas AE d 90'+2' -

11 Henrique AV

31 Ronaldo AV d 72' 3

Golo

[1-0] 56' Semedo

amarelos 45'+3' Miguel Lopes; 69' Tarantini

vermelhos Nada a assinalar


Benfica

Treinador Quique Flores

12 Quim GR 6

14 Maxi Pereira LD 5

4 Luisão DC 5

8 Katsouranis DC 5

5 Léo LE 5

6 Yebda MD 7

24 Carlos Martins MO a 28' 4

15 Rúben Amorim AD a INT 4

16 Urreta AE a 70' 6

10 Aimar AV 5

9 Cardozo AV 5

-

1 Moreira GR

27 Sidnei DC

18 Binya MD

13 Fellipe Bastos MO d 28' 4

11 Balboa AD d 70' 5

19 Makukula AV

21 Nuno Gomes AV d INT 7

Golo

[1-1] 57' Nuno Gomes

amarelos 49' Fellipe Bastos; 79' Luisão

vermelhos Nada a assinalar

Lances-chave

Rio Ave

9' Miguel Lopes arranca sem oposição, flecte para o centro e desfere um remate de pé esquerdo, mas ao lado.

28'Livramento esgueira-se pela direita, foge à marcação de um defesa encarnado e cruza para Semedo. O avançado remata, mas Quim defende.

31'Tarantini ganha uma bola após mau passe de Fellipe Bastos e solicita Evandro. O médio dá a Semedo que remata mal.

33'Evandro cobra um livre com um remate fortíssimo, a bola bate em Tarantini e quase trai Quim, que foi para o lado contrário, e a bola para o outro.

56'[1-0]. Canto marcado por Livramento e Evandro surge mais rápido que os centrais encarnados a rematar de cabeça. Quim defende sobre a linha, mas não agarra. Semedo não perdoou na recarga.

Benfica

10'Katsouranis ganha um ressalto na grande área vilacondense e, de primeira, solicita Carlos Martins. O médio remata fortíssimo, mas Paiva corres -ponde com uma excelente defesa.

36'Canto marcado no flanco esquerdo por Urreta direi- tinho à cabeça de Yebda, que efectua um remate fulgurante à barra.

57'[1-1]. Aimar desmarca Urreta na direita e endossa-lhe o esférico. O uruguaio cruza largo, Paiva está mal colocado e toca apenas com os dedos na bola. Nuno Gomes nas costas do guarda-redes não perdoa.

64'Léo, após um canto marcado à maneira curta, dá para Yebda, este dá a Urreta que remata de primeira, mas longe do alvo.

O Benfica um a um

Águia transpira sotaque francês

FILIPE PEDRAS

Quim 6

Já tinha feito uma defesa apertada, mas foi aos 55 minutos que arrancou a estirada da noite: enorme o voo a negar a festa a Tarantini. No canto consequente, ainda logrou evitar o golo de Evandro - com defesa incompleta -, mas nada podia fazer perante a recarga de Semedo.

Maxi Pereira 5

Até começou atrevido a subir no terreno, mas depressa deu por si enleado na teia vila-condense. Não comprometeu na hora de defender, mas só conseguiu libertar-se mais na etapa complementar, principalmente com a entrada de Balboa.

Luisão 5

O baixinho Semedo deu-lhe que fazer e teve uma outra perda mais comprometedora para o avançado do Rio Ave. Conseguiu, todavia, equilibrar a exibição com alguns cortes providenciais e muita concentração.

Katsouranis 5

Parecia arrancar para uma grande exibição, até pela assistência para Carlos Martins (10'), só negada por Paiva. Não comprometeu, mas esteve perto disso em algumas ocasiões, com cortes arriscados que podiam ter dado mau resultado.

Léo 5

Conseguiu emendar bem a mão face àquilo que fez na primeira metade. Principalmente após o tento vila-condense, já foi o Léo que os adeptos encarnados admiram, multiplicando-se em subidas pelo flanco canhoto e a dar muito trabalho a Miguel Lopes.

Carlos Martins 4

A noite até prometia - aquele tiro (10') parecia levar selo de golo -, mas terminou da pior forma, pois não aguentou um choque furtuito com Yebda e um adversário e teve de ser precocemente substituído por Fellipe Bastos.

Rúben Amorim 5

Esforçado, tentou virar bem o flanco do jogo com passes longos, mas acabou por não conseguir fazer a diferença no sector intermediário como se lhe exige naquela posição. Não merece apreciação negativa.

Urreta 6

O miúdo tem ganas e não tem medo de ir para cima do adversário. Do seu pé saiu o canto para Yebda atirar à barra e é seu também o cruzamento para o golo de Nuno Gomes. Aos 64', esteve, ele próprio, perto de facturar.

Aimar 5

Demorou a libertar-se da marcação de André Vilas Boas e só na segunda parte, já encostado à esquerda, se tornou mais produtivo. É ele quem deixa Urreta à vontade para assistir Nuno Gomes no tento do empate, mas foi também incrível a perda, já ao cair do pano (90'+2'). Tentou passar, quando poderia ter facturado.

Cardozo 5

Só subiu de rendimento com a entrada de Nuno Gomes. Até aí, pouca bola teve para jogar. De livre directo (70'), ainda esteve perto de resolver o jogo.

Fellipe Bastos 4

Entrou quando nem estava à espera e demorou a entrar no ritmo do jogo, que parecia elevado demais para a sua condição. Daí agumas faltas despropositadas e vários passes a "queimar".

Nuno Gomes 6

Não foi só pelo golo que marcou, pleno de oportunismo e recheado de "faro". Afinal, a sua entrada revolucionou o futebol encarnado e trouxe problemas novos à defesa vila-condense.

Balboa 5

Apenas 20 minutos em campo, mas muito incisivo. Arrancou um par de bons cruzamentos e ainda esteve perto de marcar (90'+2').

A ESTRELA: Yebda (7)

É um portento fisicamente e sobre isso não existem dúvidas. A envergadura permitiu-lhe ser, claro está, uma mais-valia na batalha que se travou no "miolo" e, para além disso, ainda voltou a confirmar - desta vez, num jogo oficial - que está longe de ser tosco com a bola nos pés. Enquanto teve a companhia de Carlos Martins, nem justificava esta distinção, mas com a saída do internacional português Quique Flores passou-lhe a pasta de assumir o jogo no sector intermediário. O ex-jogador do Le Mans aceitou o repto de frente, pegou na batuta e desdobrou-se entre dobras defensivas e organização de ataques. Foi assim desde os 28 minutos.

E mais. Ainda fez estremecer a barra à guarda de Paiva com um potente cabeceamento. Depois, roçou um hino ao futebol competitivo, pleno de esforço, boa leitura de jogo e grande capacidade de choque.

O Tribunal de O JOGO

Benfica sem razão para pedir penáltis

Durante o encontro, os jogadores do Benfica queixaram-se, com maior ou menor exuberância, de dois penáltis por assinalar, mas, para o Tribunal de O JOGO, em nenhum dos lances existiu motivo para falta. Ou seja, nem Delson jogou a bola com a mão, nem Aimar foi derrubado por André Vilas Boas. De resto, o único erro apontado por parte do painel de especialistas resume-se a um cartão amarelo que Carlos Xistra devia ter mostrado a Katsouranis, o que reflecte, necessariamente, um trabalho positivo. Ou sem casos.

Momento mais complicado

68'

Aimar, em disputa com André Vilas Boas, cai na grande área. Fica por marcar penálti para o Benfica?

Jorge Coroado

+

O jogador do Rio Ave interpôs-se na protecção da bola, efectuando movimento legal, e Aimar, em velocidade, ao chocar com ele, obviamente caiu. Não há motivo para falta.

Rosa Santos

+

Há contacto entre os dois jogadores. Poderia haver um impedimento, mas não vejo razão para isso. O jogador do Rio Ave protegeu a bola e Aimar forçou a entrada. O árbitro esteve bem.

Soares Dias

+

Não, acho que não havia motivos para que o árbitro marcasse grande penalidade. Os jogadores tentam disputar a bola, mas não o suficiente para que se possa considerar a situação faltosa, por isso esteve bem o árbitro ao deixar seguir o lance.

António Rola

+

Não, Aimar adianta ligeiramente a bola e é este que vai provocar o contacto com o adversário. Sendo assim, esteve bem o árbitro ao nada assinalar.

Outros Casos

32'

Katsouranis comete falta sobre Tarantini. Impunha-se sanção disciplinar?

36'

Fica por assinalar grande penalidade a favor do Benfica, por mão de Delson?

45'+2'

Miguel Lopes derruba Aimar. Justifica-se a exibição do cartão amarelo ao jogador do Rio Ave?

78'

É bem mostrado o cartão amarelo a Luisão, a castigar derrube de Ronaldo?

Jorge Coroado

-

Apesar de Luisão se encontrar nas suas costas, a forma como Katsouranis praticou a infracção, não nos pés, mas nas coxas do adversário, justificava a exibição de cartão amarelo, o que não sucedeu.

+

Na sequência de um remate à barra, e posterior toque de um jogador do Benfica, a bola embateu no peito de Delson e não no braço. Decisão acertada.

+

Miguel Lopes fez falta sobre Aimar. O árbitro, bem, aplicou a lei da vantagem e, na primeira interrupção, exibiu o cartão amarelo que se impunha.

+

Luisão, por trás, cometeu falta catalogada com imprudência, justificando o cartão amarelo que lhe foi exibido.

Rosa Santos

-

Sim, faltou o cartão amarelo a Katsouranis, que rasteirou o adversário.

+

Não. É no peito, junto à cara, que a bola bate. Não é penálti.

+

Sim, foi um cartão bem exibido pelo árbitro. Esperou pela paragem do jogo e admoestou Miguel Lopes. Esteve bem.

+

Cartão amarelo bem mostrado a Luisão. Foi é tardio. Inclusivamente, Luisão teve depois outra entrada que podia justificar sanção disciplinar.

Soares Dias

+

O árbitro optou por deixar jogar dando uma certa largura de terreno aos jogadores e como não pisaram o risco, este lance não era tão merecedor de acção disciplinar.

+

Não, trata-se de um lance em que a bola ressalta para a mão do jogador do Rio Ave e bate na mão deste, portanto será bola na mão e não o contrário.

-

Não se justificava de todo face ao critério que o árbitro adoptou. Esteve mal o árbitro.

+

Justifica-se o cartão amarelo porque o Luisão ao longo do jogo cometeu uma série de faltas.

António Rola

+

Não, penso que Katsouranis fez falta sobre o adversário e aceito a decisão de o árbitro ter punido apenas tecnicamente este lance.

+

O que se pode observar é que a bola sofre um ressalto, embate no braço/axila do jogador do Rio Ave, pelo que dou o benefício da dúvida ao árbitro.

+

Sim, o jogador do Rio Ave cometeu falta merecedora de cartão amarelo. Bem o árbitro na sua decisão.

+

Segundo aquilo que me deu observar, o árbitro terá advertido Luisão, não por aquela falta, mas por um conjunto de faltas reincidentes de Luisão. Sendo assim , aceito a decisão do árbitro.

Transcrição de http://www.ojogo.pt/24-186/artigo742428.asp

1-0 Semedo 56' // 1-1 Nuno Gomes 57'

Resumo

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