segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jornada 1 » FC Porto 2 - Belenenses 0

Um golo incrível a levantar o estádio

HUGO SOUSA

Vale a pena começar quase pelo fim da história, sem lhe comprometer o princípio e o meio: o golo de Hulk, o soberbo golo de Hulk, anula tudo o resto. Sim, o FC Porto entrou a ganhar no campeonato; sim, isso foi importante para retocar uma imagem que tinha saído muito desfocada do jogo da Supertaça; sim, Jesualdo Ferreira conseguiu encontrar uma fórmula mais equilibrada com ligeiras alterações de conteúdo; sim, tudo isso importa. Já lá vamos.

Primeiro, o herói e esse tem nome que, não sendo próprio, assenta-lhe bem: Hulk. Num momento de fúria, o brasileiro arrancou um petardo de pé esquerdo, colocadíssimo, e deixou Júlio César de cabelos em pé, indefeso, perante uma bola que tinha destino marcado. A baliza, onde chegou num piscar de olhos. O estádio levantou-se, como é suposto que se levante em qualquer golo, mas não disfarçou um suspiro longo, numa espécie de catarse colectiva a servir de vénia a um momento único.

Ainda que os treinadores detestem que se perca muito tempo com apenas um dos jogadores, é justo prosseguir com Hulk. Quando o lançou, minutos antes, Jesualdo terá pensado apenas na melhor forma de fazer descansar Rodríguez, sujeito ao desgaste de uma viagem louca, mas o brasileiro saiu-lhe melhor do que a encomenda e começou por ameaçar com algumas arrancadas que já fazem parte da imagem de marca, levando tudo à frente. Incluindo Mariano, que teve o azar de colocar o pé onde não devia e, ao fazê-lo, levou com toda a força de um livre marcado por Hulk. É capaz de doer. Doeu mesmo, obrigando Fucile a saltar do banco e a terminar o jogo como extremo improvável.

Agora, o princípio de tudo. Sem Hulk, mas com um Mariano fresquinho, a provar que a ausência na Supertaça é bem capaz de ter sido mesmo importante. Pelo menos, esse regresso permitiu ao FC Porto apresentar-se com as peças no sítio certo. O mesmo é dizer, por exemplo, com Lisandro no meio, onde é um perigo a dobrar. Mas houve mais novidades nas escolhas de Jesualdo: um trinco novo, Raul Meireles, a conferir outra consistência defensiva e ganhar complemento directo num Tomás Costa prático. E eficaz, diga-se. Aliás, foi numa recuperação de bola do argentino, aproveitada por Lisandro para um contra-ataque rápido, que começou o primeiro golo. Lisandro ensaiou-o, mas seria outro argentino, Mariano, a empurrar definitivamente a bola, num desvio acidental depois de um alívio mal calculado de China.

O Belenenses, assente num losango que costuma encravar os portistas, acusou esse golo madrugador, apesar das tentativas para aproveitar inseguranças que o quarteto defensivo do FC Porto ainda não resolveu. As alterações da segunda parte não mudaram muito, apesar de Organista ter obrigado Helton a uma defesa complicada. Mesmo antes da expulsão, houve alguns tiros no pé, em atrasos mal calculados, que precisam de ser corrigidos.

O resto já se sabe. O resto foi Hulk.

FC Porto 2-0 Belenenses


Estádio do Dragão

relvado bom

41.211 espectadores

Árbitro Artur Soares Dias (AF Porto)

Asssitentes Rui Licínio e João Silva

4º árbitro Pedro Maia


FC Porto

Treinador Jesualdo Ferreira

1 Helton GR 6

21 Sapunaru LD 5

3 Pedro Emanuel DC 7

2 Bruno Alves DC 6

5 Benítez LE 5

16 Raul Meireles MD 6

8 Lucho MO 6

20 Tomás Costa MO a 75' 7

11 Mariano AD a 81' 7

10 Rodríguez AE a 66' 5

9 Lisandro AV 6

-

33 Nuno GR

13 Fucile LD d 81' -

14 Rolando DC

18 Bolatti MD

6 Guarín MD d 75' 5

12 Hulk AV d 66' 7

19 Farías AV

Golos

[1-0] 15' Mariano[2-0] 84' Hulkamarelos 59' Bruno Alves; 63' Lisandro


Belenenses

Treinador Casemiro Mior

99 Júlio César GR 6

15 Baiano LD 4

3 Carciano DC 3

4 Matheus DC 4

5 China LE 3

13 Rodrigo Arroz MD a 65' 4

27 Cândido Costa MO 5

11 Zé Pedro MO 5

10 Silas MO 5

17 Marcelo Faria AV a 55' 4

8 Maykon AV a 67' 4

-

1 Assis GR

33 Vanderlei DC

20 Organista MD d 65' 5

18 Mano MD

26 Vinícius MO d 67' 4

9 João Paulo AV d 55' 5

25 Evandro AV

Golos

amarelos 22' Baiano; 56' e 74' Carciano; 85' Cândido Costa

vermelhos 74' Carciano

Lances-chave

FC porto

4' Jogada de insistência conduzida por Lucho, que vê Raul Meireles à entrada da área. Com espaço, Meireles atira forte e erra por pouco.

15' [1-0] Tomás Costa rouba a bola no meio-campo a Rodrigo Arroz e é rápido a solicitar Lisandro, que conduz o contra-ataque até à área. Júlio César defende o primeiro remate, China tenta aliviar mas remata contra Mariano.Golo quase acidental.

29' Marcelo Faria atrasa para Júlio César, mas Lisandro intercepta o lance e ainda remata, mas ao lado.

34' Canto de Tomás Costa para um cabeceamento de Sapunaru. Por cima.

42' Isolado, Lisandro ganha balanço e remata à figura de Júlio César.

43' Mariano tira Cândido Costa da frente e arranca uma bomba. Ao poste.

53' Atraso mal calculado de Mateus para Júlio César apanha Lisandro desprevenido com tamanha asneira. O argentino não conseguiu a emenda.

66' Benítez combina com Rodríguez e surge na cara de Júlio César. O lateral argentino remata contra o guarda-redes e ganha o canto.

71' Mariano ganha um canto que Tomás Costa cobra para a entrada da área, onde surge Lucho a rematar. Muito por cima.

77' Guarín descobre Lisandro na área. O argentino remata prontamente, à figura de Júlio César.

80' Livre de Lucho à figura do guarda-redes.

81' Júlio César sai a soco para aliviar um cruzamento perigoso de Mariano.

87' Remate cruzado de Lucho, e de primeira, após solicitação de Benítez. Assustou Júlio César.

Belenenses

1' Silas e José Pedro desenham o primeiro ataque e descobrem Marcelo Faria na área. Sem oposição na área, cabeceia para fora.

21' Avanço do Belenenses pelo meio e, de longe, Cândido Costa arrisca o remate. Forte, mas ligeiramente ao lado.

60' Rodrigo Arroz desce ao ataque, investindo tudo pelo lado direito. De ângulo apertado, tenta o remate, mas erra na pontaria. E muito.

68' Maykon ganha na velocidade a Tomás Costa, sobe pelo flanco esquerdo e ainda ganha o canto. Silas marca-o para a cabeça de João Paulo, valendo a atenção de Benítez a cortar.

78' Livre combinado entre José Pedro e Organista, a bola desvia em Raul Meireles e obriga Helton a aplicar-se, desviando para canto.

O FC Porto um a um

Mariano reequilibrou a equipa

PEDRO MARQUES COSTA

Helton 6

Teve uma primeira parte tranquila, sem trabalho, mas mesmo assim fez um passe disparatado para Benítez, que o argentino tratou de resolver. Depois, no segundo tempo, defendeu com estilo o único remate digno desse nome do Belenenses: o desvio que a bola sofreu em Raul Meireles serviu para abrilhantar o momento.

Sapunaru 5

Deu uma resposta segura depois do jogo infeliz que realizou frente ao Sporting. Aproveitou os primeiros minutos para ganhar confiança, mas só na segunda parte se aventurou com maior regularidade nas acções ofensivas. Apesar disso, foi no primeiro tempo que teve uma oportunidade de marcar, mas o árbitro auxiliar fez questão de lhe roubar o protagonismo.

Pedro Emanuel 7

Um caso em que a simplicidade pode significar brilhantismo. Pois é: usou da sua experiência e tranquilidade para resolver alguns lances que pareciam complicados. Foi eficaz, chegou a roçar a perfeição, e esteve sempre muito interventivo.

Bruno Alves 6

Realizou uma exibição regular, mas longe do esplendor evidenciado por Pedro Emanuel. Esteve, porém, sempre atento e concentrado, mas devia ter evitado um cartão amarelo ridículo: rematou a bola quando o jogo se encontrava parado.

Benítez 5

Teve momentos positivos - quase marcou; salvou o golo do Belenenses em cima da linha; tirou um cruzamento perfeito para um remate portentoso de Lucho -, mas revelou insegurança em muitos outros, não só a defender, mas também ao nível do passe. Oscilações que, num dia menos feliz, podem ser fatais.

Raul Meireles 6

Recuou no terreno e ofereceu maior consistência ao meio-campo. Formou, juntamente com Tomás Costa, uma excelente dupla no momento de recuperar a bola, e acrescentou-lhe ainda a qualidade que se lhe reconhece na altura de fazer jogar a equipa.

Tomás Costa 7

Foi a grande novidade no onze e uma aposta ganha. Trouxe agressividade, simplicidade e bom futebol ao meio-campo portista. Para amostra, há o primeiro golo: recuperou a bola no meio-campo adversário - uma cena repetida várias vezes durante o jogo - e ofereceu-a a Lisandro.

Lucho 6

Não consegue jogar mal, mesmo quando não é um dos melhores da equipa - como foi o caso de ontem. Apesar disso, marcou o ritmo do jogo da equipa e esteve perto de fazer um golão (87'): o remate à meia volta tirou tinta ao poste, mas fugiu da baliza.

Mariano 7

Falhou o jogo com o Sporting e desequilibrou a equipa, afastando Lisandro do centro do terreno. Regressou ontem, a equipa recompôs-se, e mostrou que está disposto a realizar uma grande temporada. Marcou o primeiro golo, naquele que é um dos seus principais atributos - nunca desistir - e assinou o melhor lance da primeira parte: deixou os adversários para trás e rematou ao poste.

Rodríguez 5

Esteve longe da bola e do protagonismo durante a maior parte dos 66 minutos que esteve em campo e foi o "internacional" que mais acusou o desgaste provocado pelos jogos das selecções.

Lisandro 6

Não foi por falta de tentativas que ficou em branco. Lutou e trabalhou como de costume, mas só lhe faltou uma pontinha de eficácia na hora de finalizar. Está em forma.

Guarín 5

Entrou para os últimos 20 minutos do jogo e ajudou a empurrar a equipa para o segundo golo.

Fucile -

Reforçou o lado direito do ataque, porque não havia mais alternativas no banco.

A ESTRELA: Hulk (7)

Minuto 84: que golo! Hulk pegou na bola na zona central e acarinhou-a com o pé esquerdo antes de bombardear a baliza de Júlio César. Um momento mágico, o primeiro da época no Estádio do Dragão, teve a assinatura de um jogador que chegou ao FC Porto para explodir no futebol europeu. Ontem, entrou aos 66', no pior período colectivo da equipa, mas não precisou de muito tempo para mostrar as suas qualidades. Começou com um livre, tão potente que lesionou Mariano. Depois, continuou com os bons pormenores sobre o lado esquerdo, até que, teve a oportunidade de brilhar intensamente. E aquele remate, que entrou no ângulo superior direito da baliza do Belenenses, saiu com a violência de um super-herói - 95 quilómetros por hora -, mas serviu, sobretudo, para arrancar uma vitória que parecia difícil de confirmar.

O Tribunal de O JOGO

Fora-de-jogo inexistente e cartão perdoado a Matheus

Com excepção do especialista Soares Dias, que dá ao árbiro-assistente o benefício da dúvida que só quem viu pela televisão e com a linha verde invisível não tem, o fora-de-jogo assinalado a Sapunaru, aos 38', foi um erro de palmatória do "bandeirinha". Este juiz do Tribunal de O JOGO é também o único a perdoar a não amostragem de amarelo a Matheus por entrada de sola sobre Lucho González. Os outros juízes apontam este como outro pecado de Artur Soares Dias.

Momento mais complicado

38'

Fora-de -jogo tirado a Sapunaru que ficava em condições de marcar foi bem assinalado?

Jorge Coroado

-

Não havia qualquer irregularidade no desenvolvimento do ataque da equipa da casa, pelo que foi inoportuna a intervenção do árbitro-assistente que acompanhava o ataque do FC Porto.

Rosa Santos

-

Não. Tenho que salvaguardar que o assistente é que foi culpado e é a segunda em dois jogos consecutivos, depois do jogo do Sporting agora no FC Porto. Ou o assistente tem que ir à "Multiópticas" ou tem que passar por um curso de reciclagem.

Soares Dias

+

No campo, o mais provável é que tenha dado a impressão de fora-de-jogo porque mesmo pela TV, só com o auxílio da linha verde (invisível no terreno) é que se consegue perceber o adiantamento. Por isso, considero que nas condições de campo o assistente julgou bem.

António Rola

-

Perante o observado, o jogador do FC Porto estava claramente atrás dos defesas belenenses e por isso é um erro de paralaxe do assistente, demonstrando muita falta de atenção relativamente ao lance.

Outros casos

9'

Lisandro López está mesmo fora-de-jogo?

19'

Justifica-se o cartão amarelo a Baiano por falta sobre Cristian Rodríguez?

72'

Carciano vê segundo amarelo por falta sobre Lisandro. Justifica-se a decisão?

78'

Matheus atinge o tornozelo de Lucho González e não vê amarelo. Devia?

Jorge Coroado

+

Lisandro estava adiantado em relação ao penúltimo defensor e a colocação da linha na TV confirma isso mesmo. Acertada a decisão.

+

Rodríguez já tinha sido castigado várias vezes pelo extremo reduto belenense. Baiano era reincidente no jogo faltoso sobre o portista. Cartão perfeitamente justificado.

+

Foi correcta a intervenção no capítulo disciplinar e técnico, já que o jogador do Belenenses impediu um ataque prometedor derrubando o adversário.

-

Matheus quis atacar a bola mas atingiu Lucho com a sola, falta que pode considerar-se violenta e punível com vermelho.

+

Cândido Costa fez a falta já depois do portista ter sofrido intervenção faltosa e o amarelo é correctamente exibido.

Rosa Santos

+

É fora-de-jogo. bem decidido pela equipa de arbitragem.

+

Foi bem mostrado, pois! O Baiano agarrou na camisola e assim só pode ser cartão amarelo.

+

O cartão amarelo é bem mostrado porque o jogador não estava enqua-drado. Como era o segundo, claro que só pode ser expulso.

-

Para mim é o único erro do árbitro, porque se trata de entrada perigosa, passível de amarelo. Faltou coragem ao árbitro.

+

Já não era sem tempo esse amarelo. O Cândido Costa deve ter feito só à conta dele 8 ou 9 faltas.

Soares Dias

+

O fora-de-jogo é bem marcado porque o Lisandro está adiantado no momento do passe. Perspectiva correcta do assistente.

+

Trata-se de uma situação de infracção persistente às leis do jogo e assim o jogador tem que ser admoestado com cartão amarelo.

+

Justifica-se o amarelo. Já tinha um e trata-se de persistência no jogo faltoso.

+

Está bem decidido só assinalar a falta. O lance não é perigoso e o Matheus ataca a bola. Não conseguiu, não houve intenção.

+

Enquadra-se na política do árbitro. Justifica-se o amarelo e se tivessem saído mais alguns cartões não deslustrava.

António Rola

+

No momento do passe, o portista estava adiantado em relação ao penúltimo defensor do Belenenses. Bem o árbitro assistente ao indicar o fora-de-jogo.

+

Baiano agarrou o adversário e porque estava a infringir com persistência as leis do jogo o árbitro deu-lhe essa indicação e mostrou o amarelo.

+

Com o braço esquerdo, Carciano impede Lisandro de prosseguir a jogada. Esteve bem o árbitro ao punir o lance com cartão amarelo. Era o segundo e seguiu-se a expulsão.

-

O jogador do Belenenses teve entrada sobre o adversário que merecia por parte do árbitro a exibição do cartão amarelo. Sendo assim, o árbitro não teve o melhor julgamento.

+

Lisandro sofre falta merecedora de ser sancionada com cartão amarelo. Decisão correcta do árbitro ao fazê-lo.

Transcrição de http://www.ojogo.pt/24-186/artigo742413.asp

1-0 Mariano Gonzalez 15'


2-0 Hulk 83'

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