domingo, 21 de setembro de 2008

Jornada 3 » Rio Ave 2-0 FCPorto

Acordar tarde e esbarrar no poste

HUGO SOUSA

Quarto ponto perdido pelo FC Porto em três jogos de campeonato, um braço polémico de Gaspar a justificar reclamações, mas, acima de tudo, uma pergunta óbvia, depois de colada a primeira à segunda parte: que bicho lhes mordeu? Num inesperado golpe de magia, os portistas apostaram tudo na invisibilidade. Chegaram mesmo a desaparecer de campo, deixando um rasto de passes errados e a ideia de um aparente cansaço. Surpreendido com as facilidades, o Rio Ave soube resistir à táctica da almofada, pegando no jogo da pior forma possível para o adversário. Ou seja, controlando-o. Bola no pé e bem trocada, em ataques orquestrados por Evandro e Livramento, o que obrigava o FC Porto a um desgaste ainda mais acentuado e duplamente penalizador: além de vincar a tal fragilidade física do dragão, mantinham-no concentrado na tarefa única de anular as investidas. Lisandro, isolado e pouco acompanhado, não passava de uma miragem. Sapunaru tentava subir, Mariano procurava acelerar, mas sempre contra a muralha da casa. Pior do que isso: na esquerda, Fucile e Rodríguez juntaram-se numa prolongada soneca, acompanhados por Raul Meireles e Lucho. Assim se chegou ao intervalo no jogo e ao ponto final do dragão alheado.

Do balneário, com as orelhas bem puxadinhas, os portistas voltaram com rastilho preso às botas, ainda que tenham demorado uns minutos a acendê-lo. Explodiram, então, em velocidade, partiram para cima do adversário e isto, repare-se, sem que Jesualdo tenha precisado de mudar. Provava-se, assim, que tinha havido uma atitude exageradamente relaxada. As entradas de Lino e Hulk, pouco depois, acentuaram a inclinação de ataque, deixando o Rio Ave encurralado no seu meio-campo. Rodríguez forçava, finalmente, o andamento; Lucho atinava melhor na condução de jogo e Sapunaru continuava a explorar a direita a todo o comprimento. Mas, como já tinha acontecido aos vila-condenses na primeira parte, o FC Porto foi desperdiçando oportunidades, precipitando-se nos remates. João Eusébio apercebeu-se do perigo e decidiu refrescar a equipa, dando-lhe novo fôlego com Tarantini e Semedo. Na ponta final, já com Candeias, os portistas carregaram a fundo no acelerado, esbarrando no poste. Normalmente, acontece a quem adormece.

Rio Ave 0-0 FC Porto

Estádio do Rio Ave

relvado razoável

Cerca de 4000 espectadores

Árbitro Pedro Proença (AF Lisboa)

Assistentes Tiago Trigo e André Campos >> 4.º árbitro Vasco Santos

Treinador João Eusébio

51 Paiva GR 7

7 Miguel Lopes LD 5

20 Bruno Mendes DC 6

2 Gaspar DC 6

25 Sílvio LE 5

14 André Vilas Boas MD 6

5 Niquinha MO a 90'+1' 5

6 Delson MD 6

8 Livramento AD a 64' 5

4 Evandro AE 7

35 Chidi AV a 69' 6

-

74 Mora GR

27 Jorge Humberto DC

30 Wires MD

83 Tarantini MO d 64' 5

19 André Carvalhas AV d 90'+1' -

31 Ronaldo AV

18 Semedo AV d 69' 5

Golos

amarelos 29' Livramento;

vermelhos Nada a assinalar

Treinador Jesualdo Ferreira

1 Helton GR 5

21 Sapunaru LD 6

14 Rolando DC 5

2 Bruno Alves DC 6

13 Fucile LE a 59' 3

25 Fernando MD 6

8 Lucho MO 5

16 Raul Meireles MO a 78' 4

11 Mariano AD a 59' 5

10 Rodríguez AE 5

9 Lisandro AV 6

-

33 Nuno GR

3 Pedro Emanuel DC

15 Lino LE d 59' 6

20 Tomás Costa MO

23 Candeias AE d 78' 5

12 Hulk AV d 59' 5

19 Farías AV

Golos

amarelos 21' Rolando; 22' Fucile; 47' Lucho; 81' Hulk; 89' Rodríguez;

vermelhos Nada a assinalar

Lances-chave

Rio Ave

6' Livre de Delson, a punir falta de Fernando sobre Evandro, bate na barreira e sai pouco ao lado da baliza de Helton. Canto.

16' Fernando perde a bola, e Chidi aproveita para rematar com perigo, ganhando um canto.

22' Na sequência de um livre, Miguel Lopes aparece descaído sobre a esquerda e com espaço para rematar. A bola sai na direcção de Helton, que a pára com dificuldade.

26' A vez de Niquinha atirar. Forte, mas ao lado.

49' Miguel Lopes ganha a bola a Bruno Alves, foge e remata. Com força, mas sem a direcção desejada.

54' Insistência de Chidi, a puxar o Rio Ave para a frente. Ganha um canto que Gaspar, sem marcação na área, não consegue aproveitar.

74' André Vilas Boas viu Helton fora da baliza e atirou de longe. Errou por pouco.

FC Porto

9' Fucile arrisca o remate de longe. É o primeiro do FC Porto e para fora. Lisandro imita-o na jogada seguinte e ganha canto.

14' Lucho vê bem a correria de Sapunaru pela direita, com quem combina, e o romeno aparece na cara de Paiva, que defende o remate. Canto inconsequente.

30' Rolando voa para chegar a um canto de Lucho, mas o cabeceamento sai-lhe torto.

45' Oportunidade mais perigosa do FC Porto na primeira parte: atraso de Miguel Lopes, de cabeça, quase surpreende Paiva.

57' Mariano combina com Sapunaru, que aposta num remate cruzado perigoso. Paiva vê a bola passar ligeiramente ao lado.

63' Lino e Rodríguez trabalham para um remate de Lisandro, que obriga Paiva a esticar-se e a ceder canto.

68' Hulk experimenta: dispara de longe, mas erra o alvo.

69' Outra vez Lisandro. Já na área e sem opositor, depois de assistido por Rodríguez, atira por cima.

73' Fernando pica a bola por cima da defesa do Rio Ave e Lucho toca de raspão, com a cabeça. Perigo para Paiva.

77' Incursão perigosa de Sapunaru, que surge na área a tentar emendar um cruzamento de Rodríguez. Emenda, mas para fora.

88' Canto de Lino para a cabeça de Lisandro. A bola sai enrolada, para novo canto.

O FC Porto um a um

Ficaram a dormir no banho turco

Helton 5

Apesar de o Rio Ave ter ameaçado muitas vezes, a verdade é que o brasileiro apenas efectuou duas defesas, após remates de Chidi e Miguel Lopes.

Sapunaru 6

Constatar que o romeno foi um dos jogadores que mais perigo criaram, aparecendo na área por duas vezes, dá uma ideia do que foi o FC Porto. Esteve bem nas tarefas defensivas e atacou bastante.

Rolando 5

Começou por dar nas vistas com um cabeceamento fraco, ao lado, num canto de Lucho. Na defesa, sentiu alguns problemas para controlar Chidi, mas sem comprometer a baliza.

Bruno Alves 6

Esteve quase a marcar na cobrança de um livre. A bola foi ao poste, mas abriu o apetite para outros lances do género. No seu habitat natural, ganhou mais lances do que perdeu, sem deixar de mostrar a impetuosidade do costume.

Fucile 3

Para esquecer. Entrou mal no jogo e continuou da mesma forma até dar o lugar a Lino. Deu muito espaço a Livramento e acumulou erros, na marcação, recepção de bola ou passe. Para piorar as coisas, ainda viu um amarelo perfeitamente desnecessário.

Fernando 6

O melhor da equipa. Encarou o adversário como se estivesse na Liga dos Campeões - algo que a maior parte dos companheiros não fez - e esteve eficiente a tapar os caminhos para a sua baliza e prático a entregar a bola.

Lucho 5

Com o relvado pesado, o argentino viu-se apenas a espaços. As assistências para Sapunaru e Lisandro, que poderiam ter resultado em golo, acabaram por ser os melhores momentos. Por outras palavras, fez pouco.

Raul Meireles 4

Outra má exibição, com reflexos directos na equipa. Apenas fez um bom passe longo. No resto, não conseguiu dinamizar as acções ofensivas, nem foi tão eficaz como costuma ser a controlar o adversário.

Mariano 5

O mais activo na primeira parte, mas sem conseguir deslumbrar. Pediu a bola e partiu para cima dos adversários tentando dar chama à equipa, e isso foi mais notado porque a apatia era praticamente geral.

Lisandro 6

Andou desaparecido até ao intervalo. Na segunda parte, esteve combativo, ganhou bolas e assustou Paiva. Aliás, proporcionou-lhe a defesa da noite, aos 63', num remate forte e colocado. Um cabeceamento, também desviado pelo guarda-redes, e outro remate, após assistência de Lucho, que saiu por cima da barra, completaram a amostra.

Rodríguez 5

Na primeira parte, esteve ao nível de Fucile, formando um flanco esquerdo permeável e apagado. Foi um dos que devem ter acusado as correcções ao intervalo e mostrou mais empenho: ganhou mais bolas e efectuou alguns cruzamentos, contribuindo para sufocar o Rio Ave na meia hora final. Aos 89', viu um amarelo e arriscou ao encostar praticamente o nariz na cara de Pedro Proença.

Lino 6

Dois toques na bola serviram para ganhar na comparação com Fucile. Mexeu com o ataque e protagonizou cruzamentos perigosos.

Hulk 5

Pode queixar-se de uma falta de Gaspar quando se encaminhava para a baliza. Um remate forte, mas ao lado, foi o lance mais perigoso do brasileiro.

Candeias 5

É um jogador mais incisivo do que Mariano. Ganhou os duelos individuais e foi à linha cruzar algumas vezes.

O Tribunal de O JOGO

Rio Ave escapou de um penálti

O desfecho do jogo disputado em Vila do Conde poderia ter sido outro, se Pedro Proença tivesse castigado o Rio Ave com uma grande penalidade. No ressalto de uma bola, Gaspar desvia-a com o braço, em plena grande área, e os quatro especialistas do Tribunal de O JOGO são unânimes na avaliação: ficou por marcar um penálti. Esta foi a grande nódoa negra no trabalho realizado pela equipa de arbitragem liderada pelo árbitro lisboeta. Só um cartão amarelo mostrado ao portista Hulk, a punir uma simulação, dividiu opiniões.

Momento mais complicado
79'
Após o livre de Bruno Alves, Gaspar desvia a bola com o braço. Ficou por assinalar um penálti?

Jorge Coroado

-

Na sequência do livre cobrado pelo Bruno Alves, a bola ressalta no poste e Gaspar, que vem na cobertura ao seu guarda-redes, alonga o braço direito, perturbando a trajectória da bola. Grande penalidade que devia ter sido assinalada, e não foi.

Rosa Santos

-

Há realmente um desvio de Gaspar com o braço que deveria ter sido punido com grande penalidade. Para além disto, o jogador do Rio Ave deveria ter visto o cartão amarelo. Aqui, o árbitro erra nas componentes técnica e disciplinar.

Soares Dias

-

Pelas imagens televisivas, é possível verificar que a bola, depois de bater na poste, ressalta na direcção do Gaspar, que a desvia com o braço. Ficou por marcar uma grande penalidade contra o Rio Ave.

António Rola

-

Após a bola embater no poste da baliza do Rio Ave e ressaltar para o terreno de jogo, Gaspar utiliza o braço direito ao tentar desviar a sua trajectória, pelo que ficou por sancionar uma grande penalidade contra o Rio Ave.

Outros Casos

23'

Lisandro está em posição ilegal no momento do cruzamento?

41'

Sílvio corta a bola com o braço, a justificar grande penalidade?

81'

Hulk simula falta ou é carregado por Gaspar?

90'+2'

É bem assinalada uma deslocação a Semedo?

Jorge Coroado

+

Lisandro encontra-se adiantado em relação ao penúltimo defensor, e aqui é bom referir que a avaliação de situações semelhantes é feita ponderando a cabeça, o tronco ou pernas do atacante.

+

O remate é feito muito à queima-roupa, e o jogador, em queda, faz um movimento com o braço, em compensação do desequilíbrio e na protecção do rosto.

+

Hulk ultrapassa os adversários e, sentindo a proximidade de Gaspar, simula uma rasteira. É bem exibido o cartão amarelo.

+

Semedo encontra-se adiantado em relação à bola e ao penúltimo defensor. Positiva a acção do árbitro-assistente.

Rosa Santos

+

No momento do passe, Lisandro encontra-se adiantado em relação ao penúltimo defensor. O lance é bem avaliado.

+

Não há qualquer dúvida de que Sílvio joga a bola com o braço, mas não é um lance passível de grande penalidade.

-

Neste lance, não interessa se é dentro ou fora da área. O sr. árbitro erra ao transformar uma falta defensiva numa falta atacante. Inexplicável o cartão amarelo mostrado ao jogador do FC Porto.

+

O jogador do Rio Ave encontra-se efectivamente em fora-de-jogo. É bem assinalado o deslocamento.

Soares Dias

+

Quando a bola lhe é endossada, o Lisandro encontra-se ligeiramente adiantado, pelo que é bem assinalado o fora-de-jogo pelo árbitro assistente, que estava atento.

+

Numa primeira imagem, parece que a bola lhe bate no braço. Já na repetição verifica-se que a bola bate no peito do jogador, sem falta.

-

Não há qualquer simulação de Hulk. O jogador do FC Porto é derrubado em falta por Gaspar. É por isso mal exibido o cartão amarelo a Hulk. Ficou por marcar uma falta à entrada da área.

+

Quando a bola lhe é passada, Semedo encontra-se ligeiramente adiantado, pelo que o árbitro assistente esteve bem ao assinalar o respectivo fora-de-jogo.

António Rola

+

No momento em que a bola lhe é passada, Lisandro encontra-se em posição de fora-de-jogo. Bem o árbitro-assistente ao dar a indicação da infracção ao árbitro Pedro Proença.

+

Lisandro remata muito perto do adversário, e este faz uma rotação de corpo. A bola bate-lhe na coxa e no braço, sem qualquer infracção.

+

É uma situação de difícil julgamento. Tudo indica que Hulk simula uma falta, pelo que concordo com a decisão do árbitro de advertir com cartão o jogador do FC Porto.

+

No momento do passe, o jogador do Rio Ave está efectivamente em fora-de-jogo. Decisão acertada do árbitro assistente.

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